quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manoel de Barros - um poeta nos deixa...

Hoje o Brasil se despede de mais um dos seus grandes nomes da Literatura e poesia: Manoel de Barros.

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Biografia

Manoel Wenceslau Leite de Barros (Cuiabá, 19 de dezembro de 1916 — Campo Grande, 13 de novembro de 2014) foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente à Geração de 45, mas formalmente ao Pós-Modernismo brasileiro, situando-se mais próximo das vanguardas europeias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. Recebeu vários prêmios literários, entre eles, dois Prêmios Jabutis. É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários. Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros.
Era ocupante da cadeira número 1 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.

Obras:

1942 — Face imóvel
1956 — Poesias
1960 — Compêndio para uso dos pássaros
1966 — Gramática expositiva do chão
1974 — Matéria de poesia
1980 — Arranjos para assobio
1985 — Livro de pré-coisas
1989 — O guardador das águas
1990 — Gramática expositiva do chão: Poesia quase toda
1993 — Concerto a céu aberto para solos de aves
1993 — O livro das ignorãças
1996 — Livro sobre nada
1996 — Das Buch der Unwissenheiten - Edição da revista alemã Akzente
1998 — Retrato do artista quando coisa
2000 — Ensaios fotográficos
2000 — Exercícios de ser criança
2000 — Encantador de palavras - Edição portuguesa
2001 — O fazedor de amanhecer
2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo
2001 — Águas
2003 — Para encontrar o azul eu uso pássaros
2003 — Cantigas para um passarinho à toa
2003 — Les paroles sans limite - Edição francesa
2003 — Todo lo que no invento es falso - Antologia na Espanha
2004 — Poemas Rupestres
2005 — Riba del dessemblat. Antologia poètica — Edição catalã (2005, Lleonard Muntaner, Editor)
2005 — Memórias inventadas I
2006 — Memórias inventadas II
2007 — Memórias inventadas III
2010 — Menino do Mato
2010 — Poesia Completa
2011 — Escritos em verbal de ave
2013 — Portas de Pedro Viana

Um pouco da poesia de Manoel de Barros

Em FACE IMÓVEL:

PAZ

Esta janela aberta
As cadeiras em ordem por volta da mesa
A luz da lâmpada na moringa
Duas meninas que conversam longe…
Paz!
O telefone que descansa
As cortinas azuis que nem balançam
Mas sobre uma cadeira alguém está chorando.
Paz!


Em COMPÊNDIO PARA USO DOS PÁSSAROS:

UM BEM-TE-VI
O leve e macio
raio de sol
se põe no rio.
Faz arrebol…
Da árvore evola
amarelo, do alto
bem-te-vi-cartola
e, de um salto
pousa envergado
no bebedouro
a banhar seu louro
pelo enramado…
De arrepio, na cerca
já se abriu, e seca.

Em ARRANJOS PARA ASSOBIO:

Poesia, s.f.
Raiz de água larga no rosto da noite
Produto de uma pessoa inclinada a antro
Remanso que um riacho faz sob o caule da manhã
Espécie de réstia espantada que sai pelas frinchas
de um homem
Designa também a armação de objetos lúdicos
com emprego de palavras imagens cores sons etc.
— geralmente feitos por crianças pessoas esquisitas
loucos e bêbados


Em O FAZEDOR DE AMANHECER:

A LÍNGUA MÃE
Não sinto o mesmo gosto nas palavras:
oiseau e pássaro.
Embora elas tenham o mesmo sentido.
Será pelo gosto que vem de mãe? de língua mãe?
Seria porque eu não tenha amor pela língua
de Flaubert?
Mas eu tenho.
(Faço este registro porque tenho a estupefação
de não sentir com a mesma riqueza as
palavras oiseau e pássaro)
Penso que seja porque a palavra pássaro em
mim repercute a infância
E oiseau não repercute.
Penso que a palavra pássaro carrega até hoje
nela o menino que ia de tarde pra
debaixo das árvores a ouvir os pássaros.
Nas folhas daquelas árvores não tinha oiseaux
Só tinha pássaros.
É o que me ocorre sobre língua mãe.

Referências Bibliográficas

http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_de_Barros
BARROS, Manoel de. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.

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