quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Versos de Natal - Manuel Bandeira

Espelho, amigo verdadeiro,

Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realismo  exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!
Mas se fosses mágico,
Penetrarias até o fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera do Natal
Pensa ainda em por seus chinelinhos atrás da porta.
1939
Em: Antologia Poética, Manuel Bandeira, Rio de Janeiro, Sabiá: 1961, 5ª edição

Desejo a todos os leitores um Feliz Natal e um excelente 2016!

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